sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O desespero pede um fim



Era noite. Vasculhou o guarda-roupa e escolheu seu melhor vestido. Sentou-se de frente a penteadeira e ali ficou durante longos minutos, fitando o espelho. Enxergava apenas uma imagem vazia. Maquiou-se e lentamente dirigiu-se a porta de entrada da residência. Sentou-se no terceiro degrau da escada, colocou o rosto entre as mãos e pôs-se a chorar.
Tinha pensado muito antes de tomar tal decisão, mas, segundo ela, não tinha opção. Desceu os três degraus que lhe faltavam e saiu andando. No começo era uma caminhada meio que sem rumo, as poucas pessoas que se encontravam na rua olhavam-na com certo receio, umas se atreviam em sentir uma pontada de pena, afinal, uma garota tão nova e bonita desvencilhando-se em lágrimas, sozinha pelas escuras ruas de Freiburg im Breisgau – Alemanha – numa fria noite de domingo.
 Ela não se importava com o que as pessoas poderiam estar pensando, apenas seguia seu caminho, agora em direção ao rio Dreisam. Quando chegou à beira do rio, sentou-se. Repassou cada momento feliz que vivera ao lado da mãe. Pensou em como a mãe era jovem e saudável, isto é, antes do acidente. Se perguntava o porquê de alguém alcoolizado sair dirigindo pelas rodovias de Freiburg. A verdade é que não conseguia mais lidar com a situação em que se encontrava, a mãe vegetando em cima de um colchão, auxiliada por aparelhos respiratórios e a grande dúvida de quando a morte chegaria para aquela pobre mulher. Fitou o rio. Jogou-se. Não sabia nadar.