quinta-feira, 23 de maio de 2013

Arranjar, compor, reparar


O mar amanheceu calmo, o céu nublado e a brisa gelada. Era apenas mais um dia de trabalho comum para a pessoa que se autodenomina “mecânico”. O que ele faz? Conserta barcos. Todos os tipos de consertos, desde a parte técnica do motor até aquele arranhão na pintura.
A mesma caminhada da manhã até o porto, os barcos posicionados e um longo dia pela frente. Não eram simples consertos, era o prazer de colocar aquelas geringonças para navegar. Era o prazer de ver os sorrisos nos rostos dos amantes do mar. Aquela singela alegria em ajudar.
Ser mecânico não é tão fácil assim. Danos de barcos são pessoas complicadas. Tem sempre aquele que o barco está caindo aos pedaços, mas insiste em dizer que está tudo certo. E há, também, aquele que o barco se encontra em perfeito estado, porém jura de pé juntos que a qualquer momento seu barco vai afundar.
Contudo, ele não desiste de consertar. É o que faz de melhor e o que gosta de fazer. Porque, de um modo complexo de pensar, tudo não passa de um eterno semear de esperança em que se tem que regar para algo florescer. Barcos são como pessoas. Alguns estão furados, outros o motor fundiu e poucos a pintura está gasta. Nada que não tenha conserto, nada que não se possa dar um jeito. É isso que o mecânico costuma dizer e acredita friamente em cada palavra.
E você, qual barco é?

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